O antigo Clube de Leitura em Voz Alta deu lugar ao Coro de Leitura em Voz Alta. Tem normalmente um periodicidade quinzenal e acontece na Biblioteca de Alcochete.

Os objectivos continuam a ser os mesmos; promover o prazer da leitura partilhada; a forma passou a ser outra.

próxima sessão - 11 outubro 2011

e o tema é

voltamos às leituras de 3 minutos

fará uma leitura MUITO alternativa

2011.09.27 - Futuro





Apenas três semanas depois do último CLeVA e já estávamos todos com saudades do futuro.

Desta vez a ampulheta só tinha areia para um minuto. O exercício era procurar as técnicas que nos permitissem dizer-o-que-temos-para-dizer num curto espaço de tempo sem darmos a sensação de estarmos numa corrida desenfreada a correr contra o tempo.

Paulo Machado

de Miguel Torga, Diário de 26/04/1968 de Diário XI


Helena Policarpo

de Gonçalo M. Tavares, Estrofe 43 do Canto II de Viagem à Índia
FUTURO

O futuro vem aí como o pastor que guarda o
seu rebanho lento, isto é : não vem,
atrasa-se, gera impaciência nas coisas que existem.

Certos acontecimentos, é certo, podem aumentar
dois ou três andares á vida. Mas nada de mais.

Toda a matéria tem futuro,
e mesmo a memória particular é, neste particular-particular,
matéria a ter em conta. A memória tem futuro,
eis uma ideia nada pessimista.


João Morais

de sua autoria, Futuro
FUTURO

É a diferença entre o que ansiamos e a realidade,
entre um amanhã risonho e um hoje de verdade.
Futuro é a troca do certo do presente, pelo incerto do amanhã,
Um câmbio de certeza por uma confiança vã.

O futuro é o refúgio dos optimistas,
e é o asilo dos profetas da desgraça.
Futuro é algo que não dominamos
mas, que mesmo assim, achamos.

É sempre no futuro, que projectamos
Que se encontra quem verdadeiramente amamos.
Futuro é enfim,
a esperança de um amanhã melhor.

25 de Setembro de 2011

António Soares

de sua autoria, A história universal em 55 segundos

A história universal em 55 segundos

Passado
Presente
Futuro
Três tempos de um verbo
de um tempo sem tempo.

No princípio era o verbo.
Sempre presente no passado
Sempre num lugar cimeiro,
Até chegar ao presente,
Sempre presente.

O futuro ao ser humano pertence.
Um novo verbo virá para ficar.
Ou então não haverá futuro.

(27/09/2011)

Cecília

de Johnny de'Carli, excerto de Reiki Universal

Vitória

Testamento de Francisco José Viegas de Metade da Vida

Ana Rita

? de Florbela Espanca de Sonetos
?

Quem fez ao sapo o leito carmesim
De rosas desfolhadas à noitinha?
E quem vestiu de monja a andorinha,
E perfumou as sombras do jardim?

Quem cinzelou estrelas no jasmim?
Quem deu esses cabelos de rainha
Ao girassol? Quem fez o mar? E a minha
Alma a sangrar? Quem me criou a mim?

Quem fez os homens e deu vida aos lobos?
Santa Teresa em místicos arroubos?
Os monstros? E os profetas? E o luar?

Quem nos deu asas para andar de rastros?
Quem nos deu olhos para ver os astros
- Sem nos dar braços para os alcançar?

Fernando
de Haruki Murakami, excerto de Dança, dança, dança
- E nesse caso, o que devo fazer? - voltei eu à carga.
- Dançar - respondeu o homem-carneiro. Enquanto houver música, deves continuar sempre a dançar. Compreendes o que te estou a dizer? Dançar, continuar sempre a dançar. Não perguntes porquê. Não te ponhas a pensar no sentido das coisas. O significado pouco ou nada importa. Se começares a pensar nisso, os teus pés ficam bloqueados. E, uma vez parado, deixarei de te poder ajudar. A ligação entre nós deixará de existir. Para sempre. E a ti, só te restará viver unicamente neste mundo. Serás progressivamente sugado para dentro dele. Por isso, nunca deixes de mover os pés. Continua sempre a dançar, dê lá por onde der. Mesmo que te pareça uma perfeita estupidez, não penses duas vezes. Continua sempre a fazer os passos, um após outro. E tudo o que estava endurecido e bloqueado, aos poucos começará a perder a rigidez. Para certas coisas ainda não é demasiado tarde. Utiliza todos os meios ao teu alcance. Dá o teu melhor. Não há que ter medo. Bem sei que estás cansado. Cansado e com medo. Acontece aos melhores, não sei se estás a ver? Toda a gente passa por isso, por esses momentos em que tudo parece perdido. Agora vê lá, não deixes que os teus pés fiquem parados.

Daniel


de Anita Wadley, Só a brincar
Só a Brincar

Quando me virem a montar blocos
A construir casas, prédios, cidades
Não digam que estou só a brincar
Porque a brincar, estou a aprender
A aprender sobre o equilíbrio e as formas
Um dia, posso vir a ser engenheiro ou arquitecto.

Quando me virem a fantasiar
A fazer comidinha, a cuidar das bonecas
Não pensem que estou só a brincar
Porque a brincar, estou a aprender
A aprender a cuidar de mim e dos outros
Um dia, posso vir a ser mãe ou pai.

Quando me virem coberto de tinta
Ou a pintar, ou a esculpir e a moldar barro
Não digam que estou só a brincar
Porque a brincar, estou a aprender
A aprender a expressar-me e a criar
Um dia, posso vir a ser artista ou inventor.

Quando me virem sentado
A ler para uma plateia imaginária
Não riam e achem que estou só a brincar
Porque a brincar, estou a aprender
A aprender a comunicar e a interpretar
Um dia, posso vir a ser professor ou actor.

Quando me virem à procura de insectos no mato
Ou a encher os meus bolsos com bugigangas
Não achem que estou só a brincar
Porque a brincar, estou a aprender
A aprender a prestar atenção e a explorar
Um dia, posso vir a ser cientista.

Quando me virem mergulhado num puzzle
Ou nalgum jogo da escola
Não pensem que perco tempo a brincar
Porque a brincar, estou a aprender
A aprender a resolver problemas e a concentrar-me
Um dia posso vir a ser empresário.

Quando me virem a cozinhar e a provar comida
Não achem, porque estou a gostar, que estou só a brincar
Porque a brincar, estou a aprender
A aprender a seguir as instruções e a descobrir as diferenças
Um dia, posso vir a ser Chef.

Quando me virem a pular, a saltar a correr e a movimentar-me
Não digam que estou só a brincar
Porque a brincar, estou a aprender
A aprender como funciona o meu corpo
Um dia posso vir a ser médico, enfermeiro ou atleta.

Quando me perguntarem o que fiz hoje na escola
E eu disser que brinquei
Não me entendam mal
Porque a brincar, estou a aprender
A aprender a trabalhar com prazer e eficiência
Estou a preparar-me para o futuro
Hoje, sou criança e o meu trabalho é brincar.

Paulo Correia

de António Gedeão, Enquanto de Obra Poética
Enquanto

Enquanto houver um homem caído de bruços no passeio
e um sargento que lhe volta o corpo com a ponta do pé
para ver como é;
enquanto o sangue gorgolejar das artérias abertas
e correr pelos interstícios das pedras,
pressuroso e vivo como vermelhas minhocas despertas;
enquanto as crianças de olhos lívidos e redondos como luas,
órfãs de pais e de mães,
andarem acossadas pelas ruas
como matilhas de cães;
enquanto as aves tiverem de interromper o seu canto
com o coraçãozinho débil a saltar-lhes do peito fremente,
num silêncio de espanto
rasgado pelo grito da sereia estridente;
enquanto o grande pássaro de fogo e alumínio
cobrir o mundo com a sombra escaldante das suas asas
amassando na mesma lama de extermínio
os ossos dos homens e as traves das suas casas;
enquanto tudo isto acontecer, e o mais que se não diz por ser verdade, enquanto for preciso lutar até ao desespero da agonia,
o poeta escreverá com alcatrão nos muros da cidade:
ABAIXO O MISTÉRIO DA POESIA.

Carmen

de sua autoria, Literalmente palavras, Futuro, um vislumbre de Revista Nok

LITERALMENTE PALAVRAS

Por Renata Oblié

Futuro, um vislumbre

"Em física, chama-se “sistema” um fragmento concreto da realidade que foi separada para estudo."

In Wikipédia, a enciclopédia livre


Se considerarmos o passado, o presente e o futuro como um sistema, separados da
linha temporal que os define, e os observarmos à lupa, permitimos que cada um deles
tome uma dimensão e um reconhecimento em que as vivências, os valores e os ideais
ganhem vida e sejam interpretados consoante a visão de cada indivíduo.

Sendo o passado o fragmento de uma realidade outrora existente, onde se podem ir
buscar as memórias de um tempo que foi, ou as datas mais significativas das origens do
homem e do mundo; é o futuro a alienação do presente, como uma mera probabilidade à
qual não se podem associar figuras e ou imagens? Então, as questões que envolvem o
futuro dum país, do ambiente, da sociedade, da certeza de um ter, ou a incerteza de não
existir, não passam de ocupações de tempo antecipado que perturbam mentes e
mentalidades travando o aperfeiçoamento e o gozo da realidade presente.

Ainda, em mecânica quântica a figura do futuro é inexistente, uma vez que a teoria actua
de forma atemporal.

Que teoria é esta e como identificá-la a um depois?

Divagando um pouco, imagine-se alguém que nos fala sobre este tema, esta teoria, dos
sistemas físicos, das moléculas e átomos, dos electrões e de protões (energia metafísica
que somos?). Algures no nosso percurso pessoal, contactámos com estes tópicos,
frequentámos uma disciplina que se focava (e ainda se foca) nestes temas. A não ser
que se seja louco o suficiente para a compreender e analisar, como leigos, e
desvalorizando a complicação para o seu entendimento, se pode única e simplesmente
considerar uma área de interesse e a sua importância maior ou menor dependendo do
sujeito. Basta isso.

Já o futuro é um pouco como esta conjectura física, relevante e válida, mas em que a
sua dimensão é próxima de algo que não se vê, sente ou cheira. Ambígua, por assim
dizer.

Não sendo palpável, porque se permite que nos tire o sono ou nos dê insegurança?

Diariamente, somos bombardeados com uma panóplia de informações que nos
desagradam e escurecem a realidade, inquietando face ao amanhã. Talvez por isso não
nos consigamos abstrair e alhear das preocupações, muitas delas que não
compreendemos, mas ainda assim suficientemente fortes para nos afastar da exultação
que é agir no agora.

É o momento ideal para nos focarmos no presente, para o aceitar sem tão pouco
possibilitarmos a submissão dos valores que cada um tem, fortalecendo a mente e o
físico, projectando e inovando, opinando e colaborando para o desenvolvimento do que
nos rodeia.

Futuro é uma palavra em construção, assente sobre pilares passados e edificada pelos
instantes presentes. Cada um é o obreiro do seu futuro.

Paula

de Fernando Savater, Sobre o passado fantástico e o futuro impossível, excerto de Sobre Viver

Delfina

de Crianças dos 6 aos 9 anos, Frases soltas

Virgínia

de Miguel Torga, Não passarão de Os poemas da minha vida (Urbano Tavares Rodrigues)
Não passarão!

Não desesperes, Mãe!
O último triunfo é interdito
Aos heróis que o não são.
Lembra-te do teu grito:
Não passarão!

Não passarão!
Só mesmo se parasse o coração
Que te bate no peito.
Só mesmo se pudesse haver sentido
Entre o sangue vertido
E o sonho desfeito.

Só mesmo se a raiz bebesse em lodo
De traição e de crime.
Só mesmo se não fosse o mundo todo
Que na tua tragédia se redime.

Não passarão!
Arde a seara, mas dum simples grão
Nasce o trigal de novo.
Morrem filhos e filhas da nação,
Não morre um povo!

Não passarão!
Seja qual for a fúria da agressão,
As forças que te querem jugular
Não poderão passar
Sobre a dor infinita desse não
Que a terra inteira ouviu
E repetiu:
Não passarão!

Rosa

de Uberto Rhodes, Imortalidade D'Alma
A IMORTALIDADE D’ALMA…

CONHECE-TE A TI PRÓPRIO E SERÁS IMORTAL ...

“Alguns séculos antes de Cristo, vivia em Atenas, o grande filósofo Sócrates.
A sua filosofia não era uma teoria especulativa, mas a própria vida que ele vivia. Aos setenta e tantos anos foi Sócrates condenado à morte, embora inocente. Enquanto aguardava no cárcere o dia da execução, seus amigos e discípulos moviam céus e terra para o preservar da morte.
O filósofo, porém não moveu um dedo para esse fim; com perfeita tranquilidade e paz de espírito aguardou o dia em que ia beber o veneno mortífero.
Na véspera da execução, conseguiram seus amigos subornar o carcereiro (desde daquela época já existia essa prática...), que abriu a porta da prisão.
Críton, o mais ardente dos discípulos de Sócrates, entrou na cadeia e disse ao mestre:
Foge depressa, Sócrates!
- Fugir, por que? - perguntou o preso.
- Ora, não sabes que amanhã te vão matar?
- Matar-me? A mim? Ninguém me pode matar!
- Sim, amanhã terás de beber a taça de cicuta mortal - insistiu Críton.
- Vamos, mestre, foge depressa para escapares à morte!
- Meu caro amigo Críton - respondeu o condenado - que mau filósofo és tu! Pensar que um pouco de veneno possa dar cabo de mim ...
Depois puxando com os dedos a pele da mão, Sócrates perguntou:
- Críton, achas que isto aqui é Sócrates?
E, batendo com o punho no osso do crânio, acrescentou:
- Achas que isto aqui é Sócrates? ... Pois é isto que eles vão matar, este invólucro material; mas não a mim. EU SOU A MINHA ALMA. Ninguém pode matar Sócrates! ...
E ficou sentado na cadeia aberta, enquanto Críton se retirava, chorando, sem compreender o que ele considerava teimosia ou estranho idealismo do mestre.
No dia seguinte, quando o sentenciado já bebera o veneno mortal e seu corpo ia perdendo aos poucos a sensibilidade, Críton perguntou-lhe, entre soluços:
- Sócrates, onde queres que te enterremos?
Ao que o filósofo, semiconsciente, murmurou:
- Já te disse, amigo, ninguém pode enterrar Sócrates ... Quanto a esse invólucro, enterrai-o onde quiserdes. Não sou eu... EU SOU MINHA ALMA...
E assim expirou esse homem, que tinha descoberto o segredo da FELICIDADE, que nem a morte lhe pôde roubar.
CONHECIA-SE A SI MESMO, O SEU VERDADEIRO EU DIVINO. ETERNO. IMORTAL..."
Assim somos todos nós seres IMORTAIS, pois somos
ALMA,
LUZ,
DIVINOS,
ETERNOS...

Vasco

de Al Berto, Este Não-Futuro que a gente vive de entrevista à Revista Ler (1989)
Este Não-Futuro que a Gente Vive

Será que nos resta muito depois disto tudo, destes dias assim, deste não-futuro que a gente vive? (...) Bom, tudo seria mais fácil se eu tivesse um curso, um motorista a conduzir o meu carro, e usasse gravatas sempre. Às vezes uso, mas é diferente usar uma gravata no pescoço e usá-la na cabeça. Tudo aconteceu a partir do momento em que eu perdi a noção dos valores. Todos os valores se me gastaram, mesmo à minha frente. O dinheiro gasta-se, o corpo gasta-se. A memória. (...) Não me atrai ser banqueiro, ter dinheiro. Há pessoas diferentes. Atrai-me o outro lado da vida, o outro lado do mar, alguma coisa perfeita, um dia que tenha uma manhã com muito orvalho, restos de geada… De resto, não tenho grandes projectos. Acho que o planeta está perdido e que, provavelmente, a hipótese de António José Saraiva está certa: é melhor que isto se estrague mais um bocadinho, para ver se as pessoas têm mais tempo para olhar para os outros.

Cristina


de Manoel de Barros, Exercícios de ser criança de Compêndio para uso dos pássaros, Poesia Reunida (1937-2004)
Exercícios de ser criança

No aeroporto o menino perguntou:
- E se o avião tropicar num passarinho?
O pai ficou torto e não respondeu.
O menino perguntou de novo:
- E se o avião tropicar num passarinho triste?
A mãe teve ternuras e pensou:
Será que os absurdos não são as maiores virtudes
da poesia?
Será que os despropósitos não são mais carregados
de poesia do que o bom senso?
Ao sair do sufoco o pai refletiu:
Com certeza, a liberdade e a poesia a gente aprende com
as crianças.
E ficou sendo.

E com base na frase feita de que "o futuro é das crianças", continuou...
"A criança está disponível para a poesia. Ao ponto de poema. A criança ainda não sabe o comportamento das coisas. E pode inventar. Pode botar aflição nas pedras e assim por diante. As crianças não sabem que pedra não tem aflição ou se os peixes dão flor".

Manoel de Barros


A rua é das crianças

Ninguém sabe andar na rua como as crianças. Para elas é sempre uma novidade, é uma constante festa transpor umbrais. Sair à rua é para elas muito mais do que sair à rua. Vão com o vento. Não vão a nenhum sítio determinado, não se defendem dos olhares das outras pessoas e nem sequer, em dias escuros, a tempestade se reduz, como para a gente crescida, a um obstáculo que se opõe ao guarda-chuva. Abrem-se à aragem. Não projectam sobre as pedras, sobre as árvores, sobre as outras pessoas que passam, cuidados que não têm. Vão com a mãe à loja, mas apesar disso vão muito mais longe. E nem sequer sabem que são a alegria de quem as vê passar e desaparecer.

Ruy Belo de Homem de Palavra[s] (1970)
E a proposta final da noite foi: entre rebuçados e chupa-chupas, com o cheiro doce da infância, dar a conhecer alguns dos poemas mais belos feitos por crianças retirados do Cancioneiro Infanto-Juvenil.



O Cancioneiro Infanto-Juvenil Para a Língua Portuguesa é uma iniciativa do Instituto Piaget que pretende estimular a criatividade poética entre as crianças e os jovens de todos os países de língua portuguesa. Em simultâneo, o Cancioneiro Infanto-Juvenil tem como objectivo reintroduzir a dimensão poética no sistema educativo e cultural.

Ao longo da sua existência o projecto conta já com 13 mil participantes. Desde a primeira edição, há cerca de 20 anos, o projecto tem construído um valioso percurso de descoberta da linguagem poética, culminando na publicação dos melhores trabalhos apresentados a concurso.

A sala ficou a cheirar a açúcar!

Silêncio
É o barulho
Baixinho!...
Sara Peixoto - 3 anos

Um livro tem palavras que fazem sonhos.
Joana Cruz – 3 anos

Estou com tosse.
Engoli frio um dia.
Inês Fernandes - 4 anos
O amor é o dobro.
João Cassola - 5 anos

Ser poeta é falar alto,
senão ninguém nos ouve.
Sara Palma - 4 anos

Se eu fosse leite bebia-me todo.
João Cardoso - 5 anos
Gosto de ti da lua até cá abaixo.
José Marinho - 5 anos

O amor é um comboio rápido
porque vem depressa.
Francisco dos Santos - 3 anos
A minha professora não pensa com o
cérebro pensa com a boca.
Rui Mendes - 6 anos
As minhas mãos abraçam o teu calor
Clara Vieira - 6 anos

tele-CLeVA: o futuro, o que nos reserva?

queridos amigos,

estou pouco habituada a faltar (esta é a primeira sessão a que falto desde o princípio) e não queria deixar passar este tema sem partilhar uma leitura convosco. por isso pensei em fazer algo um pouco diferente hoje: uma sessão de tele-clube

um pouco futurista, sim... mesmo de acordo com o tema! agora que até já há orquestras virtuais... ou coros virtuais, como este! Divirtam-se




Bem vindos ao TELE-CLeVA




Estimados tele-leitores: por motivos de ordem técnica não nos é possível proceder à ligação em directo com o estrangeiro de onde esperávamos uma leitura de um minuto. Pelo sucedido pedimos desculpa. O futuro segue dentro de momentos.



(leitura automática produzida a partir do texto com recurso a um leitor virtual online)

próxima sessão - 27 setembro 2011

e o tema é...

só serão permitidas leituras individuais e com a máxima duração de 1 (um) minuto


fará uma leitura alternativa

2011.09.06 - Poesia

Regressados de férias, com regras estritas para cumprir, o relógio - inexorável - apontava os 3 minutos da ordem... mas desta vez ninguém excedeu o tempo!

Helena Policarpo
























de Gonçalo M. Tavares, Uma viagem à Índia (excertos... com papeleira)

Teresa

de Jorge Sousa Braga, As Trepadeiras in Herbário

(ao sinal, metade da sala diz "trepem", a outra metade "trepadeiras")
Trepem, trepem trepadeiras!
Trepem, trepem pelo ar!
Que de plantas rasteiras
está a terra a abarrotar.

Trepem, trepem trepadeiras!
Trepem, trepem sem parar!
E se o muro se acabar
trepem, trepem trepadeiras,
por um raio de luar.

Vasco e João

de Shakespeare,  Shall I compare thee to a summer's day?
tradução de Vasco Graça Moura [*verificar se é o soneto XVII ou o XVIII]

Shall I compare thee to a summer's day?
Thou art more lovely and more temperate:
Rough winds do shake the darling buds of May,
And summer's lease hath all too short a date:
Sometime too hot the eye of heaven shines,
And often is his gold complexion dimm'd;
And every fair from fair sometime declines,
By chance, or nature's changing course, untrimm'd;
But thy eternal summer shall not fade,
Nor lose possession of that fair thou owest;
Nor shall Death brag thou wander'st in his shade,
When in eternal lines to time thou growest;
So long as men can breathe, or eyes can see,
So long lives this, and this gives life to thee.

Para saber um pouco mais sobre a história dos sonetos podem ir até aqui

Vitória

de Eugénio de Andrade, Primeiramente in Palavras Interditas

Acordo sem o contorno do teu rosto na minha almofada, sem o teu peito liso e claro como um dia de vento, e começo a erguer a madrugada apenas com as duas mãos que me deixaste, hesitante nos gestos, porque os meus olhos partiram nos teus.
E é assim que a noite chega, e dentro dela te procuro, encostado ao teu nome, pelas ruas álgidas onde tu não passas, a solidão aberta nos dedos como um cravo.
Meu amor, amor duma breve madrugada de bandeiras, arranco a tua boca da minha e desfolho-a lentamente, até que outra boca - e sempre a tua boca - comece de novo a nascer na minha boca.
Que posso eu fazer senão escutar o coração inseguro dos pássaros, encostar a face ao rosto lunar dos bêbedos e perguntar o que aconteceu.

Ana T.

de Paulo Roberto Gaefke, Recomeçar

Não importa onde você parou…
em que momento da vida você cansou…
o que importa é que sempre é possível e
necessário “Recomeçar”.

Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo…
é renovar as esperanças na vida e o mais importante…
acreditar em você de novo.
Sofreu muito nesse período?
foi aprendizado…
Chorou muito?
foi limpeza da alma…

Ficou com raiva das pessoas?
foi para perdoá-las um dia…

Sentiu-se só por diversas vezes?
é porque fechaste a porta até para os anjos…
Acreditou que tudo estava perdido?
era o início da tua melhora…
Pois é…agora é hora de reiniciar…de pensar na luz…
de encontrar prazer nas coisas simples de novo.
Que tal
Um corte de cabelo arrojado…diferente?
Um novo curso…ou aquele velho desejo de aprender a
pintar…desenhar…dominar o computador…
ou qualquer outra coisa…

Olha quanto desafio…quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te
esperando.

Tá se sentindo sozinho?
besteira…tem tanta gente que você afastou com o
seu “período de isolamento”…
tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu
para “chegar” perto de você.

Quando nos trancamos na tristeza…
nem nós mesmos nos suportamos…
ficamos horríveis…
o mal humor vai comendo nosso fígado…
até a boca fica amarga.
Recomeçar…hoje é um bom dia para começar novos
desafios.
Onde você quer chegar? ir alto…sonhe alto… queira o
melhor do melhor… queira coisas boas para a vida… pensando assim
trazemos prá nós aquilo que desejamos… se pensamos pequeno…
coisas pequenas teremos…
já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente
lutarmos pelo melhor…
o melhor vai se instalar na nossa vida.
E é hoje o dia da faxina mental…
joga fora tudo que te prende ao passado… ao mundinho
de coisas tristes…
fotos…peças de roupa, papel de bala…ingressos de
cinema, bilhetes de viagens… e toda aquela tranqueira que guardamos
quando nos julgamos apaixonados… jogue tudo fora… mas principalmente… esvazie seu coração… fique pronto para a vida… para um novo amor… Lembre-se somos apaixonáveis… somos sempre capazes de amar muitas e muitas vezes… afinal de contas… Nós somos o “Amor”…
” Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do
tamanho da minha altura.”

António

de João de Deus, O Avarento in Campo de Flores

Puxando um avarento de um pataco
Para pagar a tampa de um buraco
Que tinha já nas abas do casaco,
Levanta os olhos, vê o céu opaco,
Revira-os fulo e dá com um macaco
Defronte, numa loja de tabaco...
Que lhe fazia muito mal ao caco!
Diz ele então
Na força da paixão:
— Há casaco melhor que aquela pele?
Trocava o meu casaco por aquele...
E até a mim... por ele.

Tinha razão,
Quanto a mim.
Quem não tem coração,
Quem não tem alma de satisfazer
As niquices da civilização,
Homem não deve ser;
Seja saguim,
Que escusa tanga, escusa langotim:
Vá para os matos,
Já não sofre tratos
A calçar botas, a comprar sapatos;
Viva nas tocas como os nossos ratos,
E coma cocos, que são mais baratos!

Paula

de Nuno Júdice, Guia de Conceitos Básicos

Use o poema para elaborar uma estratégia
de sobrevivência no mapa da sua vida. Recorra
aos dispositivos da imagem, sabendo que
ela lhe dará um acesso rápido aos recursos
da sua alma. Evite os atolamentos
da tristeza, e acenda a luz que lhe irá trazer
uma futura manhã quando o seu tempo
se estiver a esgotar. Se precisar de
substituir os sentimentos cansados
da existência, reinstale o desejo
no painel do corpo, e imprima os sentidos
em cada nova palavra. Não precisa
de dominar todos os requisitos do sistema:
limite-se a avançar pelo visor da memória,
procurando a ajuda que lhe permita sair
do bloqueio. Escolha uma superfície
plana: e deslize o seu olhar pelo
estuário da estrofe, para que ele empurre
a corrente das emoções até à foz. Verifique
então se todas as opções estão disponíveis: e
descubra a data e a hora em que o sonho
se converte em realidade, para que poema
e vida coincidam.

Daniel

de Alice Gomes, Na idade dos porquês
Professor diz-me porquê?
Por que voa o papagaio
que solto no ar
que vejo voar
tão alto no vento
que o meu pensamento
não pode alcançar?

Professor diz-me porquê?
Por que roda o meu pião?
Ele não tem nenhuma roda
E roda gira rodopia
e cai morto no chão...

Tenho nove anos professor
e há tanto mistério à minha roda
que eu queria desvendar!
Por que é que o céu é azul?
Por que é que marulha o mar?
Porquê?
Tanto porquê que eu queria saber!
E tu que não me queres responder!

Tu falas falas professor
daquilo que te interessa
e que a mim não interessa.
Tu obrigas-me a ouvir
quando eu quero falar.
Obrigas-me a dizer
quando eu quero escutar.
Se eu vou a descobrir
Fazes-me decorar.

É a luta professor
a luta em vez de amor.

Eu sou uma criança.
Tu és mais alto
mais forte
mais poderoso.
E a minha lança
quebra-se de encontro à tua muralha.

Mas
enquanto a tua voz zangada ralha
tu sabes professor
eu fecho-me por dentro
faço uma cara resignada
e finjo
finjo que não penso em nada.

Mas penso.
Penso em como era engraçada
aquela rã
que esta manhã ouvi coaxar.
Que graça que tinha
aquela andorinha
que ontem à tarde vi passar!...

E quando tu depois vens definir
o que são conjunções
e preposições...
quando me fazes repetir
que os corações
têm duas aurículas e dois ventrículos
e tantas
tanta mais definições...
o meu coração
o meu coração que não sei como é feito
nem quero saber
cresce
cresce dentro do peito
a querer saltar cá para fora
professor
a ver se tu assim compreenderias
e me farias
mais belos os dias.

Fernando

de Manoel de Barros, definição de Poesia
Poesia, s.f. -
Raiz de água larga no rosto da noite
Produto de uma pessoa inclinada a antro
Remanso que um riacho faz sob o caule da manhã
Espécie de réstia espantada que sai pelas
frinchas de um homem

Designa também a armação de objetos lúdicos com
emprego de palavras imagens cores sons etc. -
geralmente feitos por crianças pessoas
esquisitas loucos e bêbados

diz ainda o Manoel de Barros que "as coisas sem importância são bens de poesia"


Paulo

de Alexandre O'Neill, de Porta em Porta
– Quem? O infinito?
Diz-lhe que entre.
Faz bem ao infinito
estar entre gente.

– Uma esmola? Coxeia?
Ao que ele chegou!
Podes dar-lhe a bengala
que era do avô.

– Dinheiro? Isso não!
Já sei, pobrezinho,
que em vez de pão
ia comprar vinho . . .

– Teima? Que topete!
Quem se julga ele
se um tigre acabou
nesta sala em tapete?

– Para ir ver a mãe?
Essa é muito forte!
Ele não tem mãe
e não é do Norte . . .

– Vítima de quê?
O dito está dito.
Se não tinha estofo
quem o mandou ser
infinito?

Virgínia

de Mário Dionísio, Arte Poética
A poesia não está nas olheiras imorais de Ofélia
nem no jardim dos lilases.
A poesia está na vida,
nas artérias imensas cheias de gente em todos os sentidos,
nos ascensores constantes,
na bicha de automóveis rápidos de todos os feitios e de todas as cores,
nas máquinas da fábrica e nos operários da fábrica
e no fumo da fábrica.

A poesia está no grito do rapaz apregoando jornais,
no vaivém de milhões de pessoas conversando ou prague­jando ou rindo.

Está no riso da loira da tabacaria,
vendendo um maço de tabaco e uma caixa de fósforos.

Está nos pulmões de aço cortando o espaço e o mar.

A poesia está na doca,
nos braços negros dos carregadores de carvão,
no beijo que se trocou no minuto entre o trabalho e o jantar
- e só durou esse minuto.

A poesia está em tudo quanto vive, em todo o movimento,
nas rodas do comboio a caminho, a caminho, a caminho
de terras sempre mais longe,
nas mãos sem luvas que se estendem para seios sem véus,
na angústia da vida.

A poesia está na luta dos homens,
está nos olhos abertos para amanhã.

Paulo M.

de Teixeira de Pascoaes, Canção de uma sombra
Ah! se não fosse a névoa da manhã
E a velhinha janela onde me vou
Debruçar para ouvir a voz das coisas,
– Eu não era o que sou.

Se não fosse esta fonte que chorava
e como nós, cantava e que secou …
e este sol que eu comungo, de joelhos,
– Eu não era o que sou.

Ah! se não fosse este luar que chama
Os aspectos à Vida, e se infiltrou,
Como fluido mágico, em meu ser,
– Eu não era o que sou.

E se a estrela da tarde não brilhasse;
E se não fosse o vento que embalou
Meu coração e as nuvens nos seus braços
– Eu não era o que sou.

Ah! se não fosse a noite misteriosa
Que meus olhos de sombras povoou
E de vozes sombrias meus ouvidos,
– Eu não era o que sou.

Sem esta terra funda e fundo rio
Que ergue as asas e sobe em claro vôo;
Sem estes ermos montes e arvoredos
– Eu não era o que sou.

de Sophia de Mello Breyner-Andresen, O Poema in Livro Sexto
O poema me levará no tempo
Quando eu não for a habitação do tempo
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê

O poema alguém o dirá
Às searas

Sua passagem se confundirá
Com o rumor do mar com o passar do vento

O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento
No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas

(Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas)

Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas

E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo

Xana F.

de Roald Dahl, A branca de neve e os 7 matulões (... anões) in Histórias em Verso para Meninos Perversos

Helena Pinto.

de Alberto Janes, Ó Senhor vinho
Ouça lá, ó senhor vinho
Vai responder-me, mas com franqueza,
Porque é que tira toda a firmeza
A quem encontra no seu caminho?

Lá por beber um copinho a mais,
Até pessoas pacatas, amigo vinho,
Em desalinho,
Vossa mercê faz andar de gatas!

É mau o procedimento
E a intenção daquilo que faz,
Entra-se em desiquilíbrio,
Não há equilíbrio que seja capaz,
As leis da física falham
E a vertical de qualquer lugar
Oscila sem se deter e deixa de ser prependicular!

Eu já fui, responde o vinho,
A folha solta a bailar ao vento
Que o raio de Sol do firmamento
Me trouxe à uva doce carinho.

Ainda guardo o calor do Sol
E assim eu até dou vida,
Aumento o valor seja de quem for
Na boa conta, peso e medida

E só faço mal a quem me julga ninguém,
Faz pouco de mim,
Quem me trata como água,
É ofensa paga, eu cá sou assim

Vossa mercê tem razão,
É ingratidão falar mal do vinho
E a provar o que digo
Vamos, meu amigo, a mais um copinho

Eu já fui, responde o vinho,
A folha solta a bailar ao vento
Que o raio de Sol do firmamento
Me trouxe à uva doce carinho.

Ainda guardo o calor do Sol
E assim eu até dou vida,
Aumento o valor seja de quem for
Na boa conta, peso e medida

E só faço mal a quem me julga ninguém,
Faz pouco de mim,
Quem me trata como água,
É ofensa paga, eu cá sou assim

Vossa mercê tem razão,
É ingratidão falar mal do vinho
E a provar o que digo
Vamos, meu amigo, a mais um copinho


e para quem quiser recordar este "fado" cantado pela Amália...



(para os mais afoitos deixam-se também os acordes)

Delfina

de Zé Loureiro, A Loba e a Pátria dos Tansos

Helena R.

de Sophia de Mello Breyner-Andresen, I | III-Homenagem a Ricardo Reis in Dual

Não creias, Lídia, que nenhum estio
Por nós perdido possa regressar
  Oferecendo a flor
  Que adiámos colher.

Cada dia te é dado uma só vez
E no redondo círculo da noite
  Não existe piedade
  Para aquele que hesita.

Mais tarde será tarde e já é tarde.
O tempo apaga tudo menos esse
  Longo indelével rasto
  Que o não-vivido deixa.

Não creias na demora em que te medes.
Jamais se detém Kronos cujo passo
  Vai sempre mais à frente
  Do que o teu próprio passo

Ana França

de sua autoria
CHUVA
Aconchegos - Lugares

Em dias que chove
assim, sem parar,
o meu dia fica
de pernas para o ar!
Em vez de acordar
só quero dormir:
a água do céu
embala ao cair...

Se a mãe me deixasse
experimentar
perdia a vergonha:
saía à rua,
mesmo ali à porta,
o frasco do gel
a toalha em punho
e havia de ser
um duche a preceito
com águas das nuvens
a cair assim
mesmo para mim
dos céus
no meu peito!

LAGO
Fronteiras - Passagens

Espelho.
Lago.
Reflexo de água,
mudo, encantado.
Espelho aguado,
líquido, molhado.

Lanço uma pedrinha
assim, a rasar…
O espelho vai estilhaçar?

Oh! Não, o espelho é água!

A pedrinha salta
faz desenhos de água.
Ondinhas, mansinhas…

Lago.
Quieta superfície
como uma planície
molhada de sonho…

O que terá no fundo?

Ana Valente

de Cecília Meireles, Desenho (excerto)

E minha avó cantava e cosia. Cantava
canções de mar e de arvoredo, em língua antiga.

E eu sempre acreditei que havia música em seus dedos
e palavras de amor em minha roupa escritas

António

de Ary dos Santos, Poeta castrado não!
Serei tudo o que disserem
por inveja ou negação:
cabeçudo dromedário
fogueira de exibição
teorema corolário
poema de mão em mão
lãzudo publicitário
malabarista cabrão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!

Os que entendem como eu
as linhas com que me escrevo
reconhecem o que é meu
em tudo quanto lhes devo:
ternura como já disse
sempre que faço um poema;
saudade que se partisse
me alagaria de pena;
e também uma alegria
uma coragem serena
em renegar a poesia
quando ela nos envenena.

Os que entendem como eu
a força que tem um verso
reconhecem o que é seu
quando lhes mostro o reverso:

Da fome já não se fala
- é tão vulgar que nos cansa -
mas que dizer de uma bala
num esqueleto de criança?

Do frio não reza a história
- a morte é branda e letal -
mas que dizer da memória
de uma bomba de napalm?

E o resto que pode ser
o poema dia a dia?
- Um bisturi a crescer
nas coxas de uma judia;
um filho que vai nascer
parido por asfixia?!
- Ah não me venham dizer
que é fonética a poesia!

Serei tudo o que disserem
por temor ou negação:
Demagogo mau profeta
falso médico ladrão
prostituta proxeneta
espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!

Cristina

"amiga... tenho aqui uma dor... ultimamente já só saio para ir aos médicos!"

POEMAX XR
(ensaios clínicos no Hospital de Santo Tirso)



Como não podia deixar de ser terminámos em festa pois recentemente fizeram anos a Teresa e a Mariana



Para quem pediu, podem ver a receita do Bolo de Chocolate aqui.

uma sugestão para o próximo fim de semana

Recebemos da Xana Justino esta sugestão fabulosa... é já no próximo fim de semana e para quem gosta de leituras alternativas!

A SAL (Sistemas de Ar Livre) organiza no próximo dia 10 de Setembro, às 21h00, uma caminhada nocturna na Serra da Arrábida, acompanhada de... poesia erótica. As informações detalhadas podem ser descarregadas daqui, e o pagamento efectuado por transferência bancária (depois da confirmação da inscrição). O custo são 15 EUR (se confirmado até às 18h00 de sexta-feira) ou 20 EUR (depois das 18h00 de sexta-feira); os titulares do cartão SAL ou SAL T6 têm condições especiais.

Em resumo:
Sábado 10 Setembro 2011 – 21:00h Necessita de inscrição prévia (no fim desta página)
SALuar - Baía de prata e ouro numa noite de erotismo poético (não aconselhável a menores ou a pessoas sensíveis)


O Rio Sado chega ao mar, pouco depois de passar em frente da bonita Cidade de Setúbal. Terra de aventureiros e amantes, poetas e trovadores. Amores, desamores, ciúmes e ódios. Quando a noite chega, o azul do dia transforma este local numa enorme Baía de Prata, com os reflexos da lua e das estrelas. Junto ao porto de Setúbal fica debruada a ouro, pelo reflexo das luzes da cidade. Será esta a visão a ter, após percorrermos bosques de grande encanto. Mas esta será uma noite diferente em que a poesia será carregada de erotismo, de sedução, fervente de amores e traições, descritiva de sensações e volúpias. Mas também divertida, humorística e descontraída. Seguramente uma jornada diferente para um passeio nocturno. Monitores: José Pedro e Fernando. Encontro: 21:00h.

Percurso: Nocturno. Por caminhos de terra batida e veredas pedestres de fácil acesso.

Local: Quinta da Comenda e Vale da Rasca, Serra da Arrábida.

Temáticas: Natureza, História, Poesia, Erotismo.

Assuntos de interesse: Oratório de Mendo Oliva, Palacete do Conde d’Armand de Raul Lino, Cidade de Setúbal, Poesia Erótica, Satírica e Burlesca, Sedução.

Poesia de: Manuel Maria Barbosa du Bocage, Ary dos Santos, António Botto, Ricardo Reis, Manuela Amaral, Maria Teresa Horta, Jorge de Senna, António Gedeão, Bruna Lombardi, Augusto dos Anjos, Florbela Espanca, António Aleixo, Artur Ferreira e outros.

Tipo de percurso: Circular.
Meio: Natural.
Distância: 9Km
Duração aproximada: 3 horas.
Desnível máximo: 100m.
Subidas: Uma longa e algo acentuada. Uma descida acentuada.
Dificuldade: Média (Passeios acessíveis a todo o tipo de pessoas, mas onde é aconselhado verificar o estado de preparação física e ter motivação adequada para eventuais dificuldades)

Como ChegarLocal de encontro: Parque de estacionamento do Parque de Merendas da Comenda.
Coordenadas geográficas (GPS): N38º30'29'' W08º55'43''
Acesso: A partir de Setúbal, descer a avenida Luisa Todi e seguir na direcção das Praias. Após cerca de 3/4 Km encontra o Parque de Merendas à sua esquerda. Passe a ponte rodoviária e vire para o parque de estacionamento.
Onde estacionar: No estacionamento do parque de merendas. Feche bem a viatura e não deixe objectos à vista.


Observações
• OBRIGATÓRIO: Lanterna com pilhas novas e em bom funcionamento. Cada pessoa tem que ter a sua lanterna e/ou frontal (lanterna de cabeça). Botas ou sapatos fechados e resistentes. Mochila às costas (mãos livres). Água em quantidade e merenda reforçada. Agasalho forte. MUITO ACONSELHÁVEL: Bastão. Repelente para insectos.