O antigo Clube de Leitura em Voz Alta deu lugar ao Coro de Leitura em Voz Alta. Tem normalmente um periodicidade quinzenal e acontece na Biblioteca de Alcochete.

Os objectivos continuam a ser os mesmos; promover o prazer da leitura partilhada; a forma passou a ser outra.

próxima sessão - 5 junho 2012

será o tema da próxima sessão

apresentará o Livro do Dia

CLeVA 3.0 - o início

bem-vindos!


o Paulo, o António e a Helena Machado, fizeram a passagem do testemunho aos novos membros

O Paulo leu-nos um excerto das "Metamorfoses" de Ovídio, Os Gigantes; começa assim:

Nem o alto éter seria mais seguro que a terra, pois consta que os Gigantes quiseram apoderar-se do reino celeste, e, para chegarem até aos astros, colocaram montanhas umas sobre as outras...

de seguida a Cristina leu-nos um excerto de "Como um Romance" de Daniel Pennac

Pois é...
O desaparecimento da leitura em voz alta é muito estranho. O que teria Dostoievski pensado disto? E Flaubert? Já não há o direito de colocar as palavras na boca antes de as meter na cabeça? Já não há ouvidos? Já não há música? Já não há saliva? As palavras já não sabem a nada? O que é que se passa? Não declamou Flaubert a sua Bovary em altos gritos, até furar os tímpanos? Não estará ele definitivamente melhor colocado do que qualquer outro para saber que a compreensão do texto passa pelo som das palavras, de onde deriva todo o seu sentido? Não saberia ele como ninguém, ele que tanto lutou contra a música intempestiva das sílabas, contra a tirania das cadências, que o sentido se pronuncia? Então? Textos mudos para puros espíritos? Rabelais, ajuda-me! Flaubert, Dosto, Kafka, Dickens, acudam-me! Gigantescos anunciadores de sentido, venham cá! Venham soprar nos nossos livros! As palavras precisam de corpo! Os nossos livros precisam de ter vida!

e nada melhor para conhecermos as vozes de todos do que limpar palavras

O Limpa-Palavras

Limpo palavras.
Recolho-as à noite, por todo o lado:
a palavra bosque, a palavra casa, a palavra flor.
Trato delas durante o dia
enquanto sonho acordado.
A palavra solidão faz-me companhia.

Quase todas as palavras
precisam de ser limpas e acariciadas:
a palavra céu, a palavra nuvem, a palavra mar.
Algumas têm mesmo de ser lavadas,
é preciso raspar-lhes a sujidade dos dias
e do mau uso.
Muitas chegam doentes,
outras simplesmente gastas, estafadas,
dobradas pelo peso das coisas
que trazem às costas.

A palavra pedra pesa como uma pedra.
A palavra rosa espalha o perfume no ar.
A palavra árvore tem folhas, ramos altos.
Podes descansar à sombra dela.
A palavra gato espeta as unhas no tapete.
A palavra pássaro abre as asas para voar.
A palavra coração não pára de bater.
Ouve-se a palavra canção.
A palavra vento levanta os papeis no ar
e é preciso fechá-la na arrecadação.

No fim de tudo voltam os olhos para a luz
e vão para longe,
leves palavras voadoras
sem nada que as prenda à terra,
outra vez nascidas pela minha mão:
a palavra estrela, a palavra ilha, a palavra pão.

A palavra obrigado agradece-me.
As outras não.
A palavra adeus despede-se.
As outras já lá vão, belas palavras lisas
e lavadas como seixos do rio:
a palavra ciúme, a palavra raiva, a palavra frio.

Vão à procura de quem as queira dizer,
de mais palavras e de novos sentidos.
Basta estenderes a mão para apanhares
a palavra barco ou a palavra amor.

Limpo palavras.
A palavra búzio, a palavra lua, a palavra palavra.
Recolho-as à noite, trato delas durante o dia.
A palavra fogão cozinha o meu jantar.
A palavra brisa refresca-me.
A palavra solidão faz-me companhia.

Álvaro Magalhães
de O Limpa-Palavras e Outros Poemas


e aqui fica a caderneta de cromos da 3ª edição do Clube de Leitura em Voz Alta de Alcochete:







































dia 22 de maio, 1ª sessão do 3º CLeVA

é já na próxima terça-feira, dia 22 de maio, pelas 20h30 que iniciaremos a terceira edição do


Palavras como frutos

E chegou ao fim o 2º Clube de Leitura em Voz Alta de Alcochete.



Foi uma tarde de emoções fortes.



Antes do espetáculo:



como se pode ver, não havia ninguém nervoso :-)





















houve até quem aproveitasse o tempo que faltava para o início para, imaginem... ler



A Cristina começou...

Muito boa tarde
Muito obrigada a todos pela vossa presença.
Hoje vieram aqui assistir ao encerramento da 2ª edição do Clube de Leitura em Voz Alta, um clube dinamizado pela Andante Associação Artística, em parceria com a Biblioteca de Alcochete. Vamos recomeçar a 3ª edição na próxima 3ª feira, dia 22. Quem se quiser inscrever, ainda vai a tempo. Até ao fim do dia, aceitamos inscrições.
Há dois anos que aqui vimos quinzenalmente para ler uns para os outros, para apurarmos algumas técnicas que nos ajudem a tornar a nossa leitura mais eficaz, para aprender, para nos divertirmos.
O espectáculo a que vão assistir, recebeu este nome PALAVRAS COMO FRUTOS, porque quisemos que conhecessem o nosso ofício, o nosso trabalho aqui no Clube de Leitura: trabalhar as palavras até que elas amadureçam, até que ganhem o sabor que lhes pertence, doces e perfumadas umas, duras e amargas outras. Vão ver e ouvir pessoas a ler.
Ler para os outros. É um prazer que temos. É o nosso prazer. Esperamos que gostem.

E, para dar início a este banquete de frutos, ou seja, de palavras, vou começar por ler

"As amoras", um poema de Eugénio de Andrade:

O meu país sabe a amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.

Eugénio de Andrade
de O outro nome da Terra


O espetáculo:

(muito obrigado à Rosário e ao Rui pelas fotos)







Daniel disse "Conselho" de Eugénio de Andrade

Alexandra Justino, Vitória e Vasco leram
"Que jovem é a mão sobre o papel...;
Ao Miguel, no seu 4º Aniversário, e contra o nuclear, naturalmente;
Mesmo a mais friável..."
de Eugénio de Andrade

Foi lançado o desafio a cada membro do clube que preparasse um poema à sua escolha, com um convidado seu, e que o apresentasse em público, hoje, pela primeira vez

Cecília Pinto convidou Susana Pinto e leram "Aquela nuvem" de José Gomes Ferreira

Rosa Almeida convidou Ana Vitória e leram "Relógio" de Vinicius de Moraes

Alexandra Justino convidou Ana Allen e leram "Convite" de José Paulo Paes

Helena Pinto, Alexandra Ferreira e João leram
"Sou fiel ao ardor...; Esse verde;  Passaste os dias a pôr sílabas..."
de Eugénio de Andrade


António Soares convidou Francisco Pimentel e leram "Cântico Negro" de José Régio

e o Cântico Negro teve um final inesperado

Carmen Ezequiel convidou Rúben Santos e leram "Mãos dadas" de Carlos Drummond de Andrade

Helena Machado convidou Carlos Morgado e leram
"Amigos Pensados: Vate 65; Pedra-Final; Breve e Discurso" de Alexandre O'Neill

Paula Margato convidou Paulo Jorge Taneco e leram "Brincadeira" de Álvaro Magalhães

Helena Ramos e Teresa  leram "Fala!" de Alexandre O'Neill

Cecília, Fernando e Delfina leram
"Relação de casas boas e más para juízo dos arquitectos Carlos Loureiro e Pádua Ramos"
de Eugénio de Andrade

Helena Policarpo convidou Eugénia Casadinho e leram "Peguei na Serra da Estrela" de Luísa Ducla Soares

Vasco Maia convidou Mariana Monteiro e leram "Cai a chuva" de Luísa Ducla Soares

Alexandra Ferreira e Nuno Ferreira cantaram "Amor de água fresca" de  Rosa Lobato de Faria

Delfina Alves convidou Maria Massa e leram "Dança do Vento" de Afonso Lopes Vieira

Carmen, Helena Machado e Paula leram
"Como se fossem folhas ainda...; Elegia das Águas Negras para Che Guevara; Agora as aves voltam, são nos ramos..."
de Eugénio de Andrade

Fernando Ladeira convidou João Brás e leram "A situação da ovelha" de Alberto Pimenta

Daniel Guerra convidou Henrique Sousa e leram "A menina que tinha cem pés" de José Vaz

João Morais convidou Fernando Saraiva e leram "Queria que os portugueses..." de Agostinho da Silva

Helena Policarpo, Rosa e António leram
"Fazer de uma palavra um barco...; Elegia; De que país regressas?..."
de Eugénio de Andrade

e sob a batuta do maestro Daniel

repetimos "Conselho" de Eugénio de Andrade

E depois do espetáculo...
agora mais em pose para o livro das caras :-)

Fernando

Daniel e Paula

Guilherme e Alexandra

Cecília

Vitória e Vasco

Carmen e Alexandra
...hum, que fruto será aquele...?

Rosa e Carmen

Delfina, Carmen, Helena e Vitória

Paula, Carmen, Rosa e a suas rosas

Paula, Carmen e a corda

António
que arranjou um novo final para o "Cântico negro"

Alexandra e João

Delfina, Helena, Cristina e Alexandra

Vitória e Helena

Alexandra e Paula
sob o olhar atento do Dr. Paulo
(lá mais ao fundo está o Rui que ajudou nesta reportagem)

Alexandras
faltou uma fotos das 4 Helenas

Cristina
a principal culpada de tudo isto

o grupo
(dois saíram antes da foto de família)




... e foi assim, esta foi... outra vez...